Por que os Programas de Compliance fracassam?
O assunto possui alta relevância pelas consequências danosas que provoca nas empresas e pessoas. Negligenciar suas causas implicaria em tornar a instituição vulnerável, pois o Compliance tem como um de seus objetivos o de prevenir a ocorrência de ilicitudes, fraudes, irregularidades, entre outros desvios de conduta.
Por que os Programas de Compliance fracassam?
O assunto possui alta relevância pelas consequências danosas que provoca nas empresas e pessoas. Negligenciar suas causas implicaria em tornar a instituição vulnerável, pois o Compliance tem como um de seus objetivos o de prevenir a ocorrência de ilicitudes, fraudes, irregularidades, entre outros desvios de conduta.
Para evitar esse desastre, a primeira providência é criar um Compliance perene, voltado para as pessoas, com um modelo de gestão em que suas engrenagens funcionam harmonicamente. O oposto seria um modelo policialesco, só baseado em regras ou como um “puxadinho do Jurídico”. Aliás, cuidado com o termo “programa”: não se pode dar ideia de “começo, meio e fim”.
Em seguida, a alta direção precisa estar empenhada, de verdade, no apoio, engajamento e desejo, para o Compliance manter-se sempre no grupo das prioridades. Um pequeno deslize nesse quesito gera razão suficiente para decretar-se o seu fim.
Simultaneamente, nomear a pessoa certa para o Compliance é mais que uma obrigação. Um erro habitual é buscar um profissional com base na sua formação acadêmica. Isso é o menos importante! O primordial é um perfil apropriado para sensibilizar as pessoas e trazê-las para o lado daquelas favoráveis a fazer o certo sempre. Ao mesmo tempo, esse profissional precisa ter a capacidade e a coragem de dizer “não”, para qualquer um na organização propenso em cruzar a linha da ética, independentemente do seu nível hierárquico.
Outra causa de insucesso do Compliance corresponde à implementação de sistemas inadequados. Se forem subdimensionados, os riscos continuarão presentes. Por outro lado, os superdimensionados promovem a burocracia desnecessária e sufocam a organização. Além desses, há os mecanismos não efetivos, normalmente, devido a seus responsáveis nem saberem como averiguar essa grandeza. Portanto, seja qual for a natureza desse equívoco, não irá tardar para as pessoas pararem de acreditar nos seus princípios básicos, levando o sistema todo rapidamente a um colapso. Com relação a essa terrível possibilidade, cabe observar a proliferação dos pseudoespecialistas, cada vez mais assombrando o mercado, com soluções descabidas para seus clientes.
Por fim, não menos importante, uma característica comum encontrada em diversas corporações: a arrogância do profissional de Compliance. Quando ele pensar saber tudo ou que a empresa já fez tudo, consolida-se um passo firme na direção do fracasso.
Wagner Giovanini é especialista em Compliance e sócio da Compliance Total e Contato Seguro. Foi diretor de Compliance da Siemens América Latina, de 2007 a 2015. Tem no seu currículo a assessoria de mais de 100 empresas para a implementação de Compliance e Mecanismos de Integridade e é autor do livro mais completo do mercado sobre Compliance na prática.