29/01/2018
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Wagner Giovanini
Os enormes riscos advindos das recentes leis, o cenário atual brasileiro e o despertar para o combate à corrupção, dentre outras constatações, têm movimentado o mercado corporativo, em busca de soluções para suprir suas necessidades, principalmente, visando proteger as empresas e seus funcionários. Somente esse objetivo significa pouco para o nosso país, pois, o ideal seria almejar a ética e a integridade empresarial. Mas, vamos deixar essa questão para o próximo artigo.
Agora, o foco é refletir sobre a realidade das empresas, quando se deparam com a premência de auxílio externo, a fim de implementarem ou aprimorarem seus Mecanismos de Integridade e/ou Sistemas de Compliance.
Essa realidade torna-se cada vez mais presente, por conta de o objeto em discussão ser ainda muito novo e, portanto, demandar conhecimento, experiência e especialistas, a fim de se obterem resultados satisfatórios.
Entretanto, regularmente, encontramos uma assintonia entre o indispensável na prática e o orçamento destinado. Seja por desconhecimento ou qualquer outra razão, a apreciação da solução, única e exclusivamente pelo seu preço, expõe a organização a riscos, que deveriam ser evitados implacavelmente, pois, no assunto em apreço, eles podem afetar até a sobrevivência da empresa.
Li há alguns dias, um artigo do Dr. Marçal Justen Filho, na Revista Consultor Jurídico, opinando sobre administração pública, cujo conteúdo aplica-se perfeitamente também na esfera privada. Adquirir um serviço, produto ou solução com o menor preço, porém, sem alcançar a qualidade mínima requerida, consiste em desvantagem certa, independentemente do valor associado. Sob a mesma ótica, publiquei um texto, há algumas semanas, onde abordei os perigos da utilização de pseudoespecialistas e fiz alusão a uma figura, reproduzida a seguir:
Assim, implementar menos do que o necessário, mesmo por conta do menor preço, manterá a empresa vulnerável e promoverá descrença nos funcionários, decretando a morte gradativa de um Mecanismo de Integridade.
Do lado oposto, pode-se imaginar que investir sem restrição, criar um sistema complexo e copiar o melhor modelo do mercado seriam requisitos básicos para o sucesso. Surge, então, um outro perigo. Fazer mais que o necessário pode gerar obstáculos supérfluos para os processos, provocar burocracia dispensável, reduzir produtividade, corroer recursos. Por consequência, a insatisfação das pessoas logo virá, minando o apoio ao Compliance.
Os profissionais de Compliance e do Departamento de Compras devem manter-se atentos, a fim de adquirir valor agregado para sua empresa. Veja algumas dicas úteis no momento de aquisição:
- Defina os objetivos antes da contratação e exija o seu alcance, no final da prestação do serviço ou entrega do produto.
- A recomendação sensata implica na escolha da solução simples, porém profunda.
- Fuja do complexo e do simplório.
- Não aceite modelo pronto sem permitir a customização.
- Verifique a experiência do prestador de serviço, não apenas nos aspectos teóricos, mas também na vivência prática e na aplicabilidade dos métodos sugeridos.
- Assegure que o profissional a prestar serviço é qualificado e experiente.
- Não aceite aprendizes, onde a sua empresa servirá de cobaia.
- Questione e exija a efetividade de cada ação, processo, controle, produto ou solução apresentada.
- Não se deixe levar pelo discurso com belas palavras, porém, com conteúdo vazio.
- Confronte as soluções dos concorrentes nas mesmas condições. Ou seja, compare “banana com banana” e não “banana com bicicleta”.
- Busque sensatez em relação ao preço apresentado, confrontando-o com o esforço requerido, a qualidade desejada, o escopo necessário e o que será recebido.
- Verifique qual é o “entregável”. Ou seja, o que o serviço proposto irá definitivamente entregar à empresa compradora.
- Conteste a base de clientes do prestador de serviços (as referências) e pergunte a eles a respeito da satisfação com o consultor e o trabalho recebido
Tais recomendações visam evitar situações comuns nos dias de hoje. Pagar por algo e descobrir mais tarde a sua inutilidade traz severas consequências para a organização, além do desperdício de dinheiro e tempo, como por exemplo: a empresa permanece exposta a riscos; o descrédito pode selar de vez a chance de sobrevivência do Mecanismo de Integridade; o sucesso não alcançado propiciará aversão ao tema.
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